A magistrada debateu com alunos do Ensino Médio do Sesi-SP o papel feminino nos cargos de liderança
Por: Lúcia Rodrigues, comunicação Fiesp
03/06/202511:16- atualizado às 11:16 em 03/06/2025
O papel da mulher nos cargos de liderança foi o tema do “Papo Supremo”, programa em que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) debatem assuntos da atualidade com alunos do Ensino Médio do Sesi-SP, na sede da Fiesp.
Esta quarta edição, realizada na sexta-feira 30/5, contou com a participação da ministra Cármen Lúcia, única mulher da suprema corte brasileira. O objetivo da iniciativa é fomentar o debate, gerar reflexões e desenvolver o pensamento crítico nos estudantes.
Foto: Ayrton Vignola/Fiesp
Na abertura do evento, o presidente da Fiesp e do Sesi-SP, Josué Gomes da Silva, disse que Cármen Lúcia é uma ministra que todos aplaudem. “Discreta, inteligente, firme, correta e que visa sempre fazer e promover a justiça, e os valores da educação, da liberdade e do exercício pleno da cidadania”, enfatizou.
O tema escolhido foi abordado pelas representantes do Ensino Médio da Escola Sesi de Araraquara, Isabela Carpim, Nicole Costa e Maria Eduarda Rodrigues. Também estiveram presentes na plateia grupos do Juventudes antimisoginia, programa do Sesi-SP que promove igualdade de gênero e formação cidadã dentro e fora das unidades escolares, com alunos de sete escolas da capital e de três municípios da Grande São Paulo.
Foto: Ayrton Vignola/Fiesp
As alunas expositoras ressaltaram a forte presença feminina no Sesi Araraquara, com ampla participação em atividades como: representantes de classe, Conselhos de Classe, Parlamento Jovem e participação expressiva em cursos da indústria no Senai-SP. Além de competições diversas, como as Olimpíadas do Conhecimento, o Sesi Dance e o Fest Voz.
Durante a apresentação, elas citaram dados de uma pesquisa do Ministério do Trabalho e Emprego segundo a qual as mulheres são metade da população, mas ocupam menos de 25% dos cargos de liderança; negras e indígenas são minoria em cargos de liderança; mulheres ganham 22% a menos que homens e quando alcançam cargos de liderança, elas têm mais dificuldade de permanecer ou exercer efetivamente o poder.
Ainda segundo a pesquisa, a baixa presença feminina em cargos de liderança tem como efeito o menor foco em saúde, educação, assistência e direito para as mulheres.
Finalizando, as estudantes questionaram a ministra: “Diante desse contexto, como a senhora enfrentou esses desafios durante sua formação e trajetória escolar até chegar ao Supremo Tribunal Federal?"
“Começo dizendo a Eduarda, Isabela e Nicole que não sei responder essa pergunta. Como eu enfrentei? Não penso em tudo isso. Se eu pensar, provavelmente é igual andar de bicicleta, parou de pedalar, cai”.
Foto: Ayrton Vignola/Fiesp
Na sequência, a ministra Cármen Lúcia discorreu sobre a situação da mulher na sociedade. Ela ressaltou que, apesar da Constituição de 1988 defender os valores supremos da liberdade, igualdade e fraternidade, as mulheres ainda são marginalizadas em termos de trabalho, direitos e possibilidades.
A ministra reforçou que os direitos não pertencem apenas aos homens, mas a todos, incluindo as mulheres, na mesma condição de dignidade.
Cármen Lúcia alertou para a violência contra a mulher, lembrando que, no Brasil, uma mulher é assassinada a cada seis horas. “Não é justa uma sociedade que a cada seis segundos pratica um ato de violência contra meninas, mulheres e idosas”, declarou.
“Com quase 40 anos de vigência da Constituição ainda temos um quadro de muita desigualdade. Lutamos para que a gente tenha no Brasil uma sociedade de mulheres e homens realmente iguais no desempenho e na força de trabalho para que a gente chegue a uma sociedade solidária”, finalizou Cármen Lúcia.
Foto: Ayrton Vignola/Fiesp