Evento internacional reuniu especialistas para debater metodologias inovadoras de ensino e contou com a presença de Jo Boaler, idealizadora da abordagem que transforma o aprendizado da matemática
Por: Elaine Casimiro, comunicação Sesi-SP
26/08/202511:47- atualizado às 12:05 em 26/08/2025
Professores, analistas e formadores do Sesi-SP e do programa de Pós-Graduação Matemática² da Faculdade Sesi de Educação participaram do 6º Seminário Mentalidades Matemáticas, realizado nos dias 21 e 22 de agosto pelo Instituto Sidarta e Youcubed, em parceria com a Fundação Itaú. O encontro trouxe ao Brasil, pela segunda vez, a pesquisadora britânica Jo Boaler, professora da Universidade de Stanford e fundadora do Centro de Pesquisas Youcubed, além de Cathy Williams, cofundadora e diretora executiva do centro.
Jo Boaler, professora da Universidade de Stanford e fundadora do Centro de Pesquisas Youcubed,
e Cathy Williams, cofundadora e diretora executiva do centro. Foto: Karim Kahn / Sesi-SP
A metodologia de Mentalidades Matemáticas, criada por Boaler, propõe que os alunos sejam protagonistas na resolução de problemas, apresentando seus raciocínios e defendendo suas ideias em um processo de investigação e colaboração. Essa abordagem já é um dos pilares do currículo de matemática do Sesi-SP e tem transformado a forma como estudantes se relacionam com o conhecimento.
“O Sesi São Paulo já usa esta abordagem há bastante tempo, mas poder estar em contato direto com quem a criou é uma oportunidade única de entender mais profundamente os princípios e desdobramentos dessa metodologia”, destacou Herman Assumpção, supervisor técnico educacional da área de tecnologia educacional.
Para ele, o seminário reafirma o papel da matemática como ferramenta viva e essencial: “Historicamente, a matemática foi ensinada de forma chata, baseada em decorar fórmulas. Nada está mais distante da realidade necessária do que essa abordagem ultrapassada. Assim como a proposta do Mentalidades Matemáticas, o Sesi-SP acredita em uma matemática vivencial, significativa, que transforma a sala de aula em um espaço mais agradável, interessante e inovador.”
Foto: Karim Kahn / Sesi-SP
A analista técnica educacional Carla Vital, da supervisão de currículo, também ressaltou a importância do seminário para fortalecer a prática pedagógica no Sesi-SP: “É muito importante que a matemática seja vista como algo bom, presente no nosso cotidiano e acessível a todos. Ela pode ser construída de forma lúdica, divertida e criativa, sem perder o rigor formal. E aqui vimos também a valorização do erro como parte fundamental do processo de aprendizagem. Esse olhar é transformador.”
Entre os temas que chamaram atenção na programação, Carla destacou as discussões sobre ciência de dados: “As palestrantes mostraram como os alunos podem coletar dados do cotidiano, como quantas vezes olharam o celular ou alimentaram o cachorro, para transformá-los em gráficos e análises. Muitas vezes, os estudantes não percebem que a matemática está em tudo, e essa contextualização é essencial.”
O seminário também foi um espaço de fortalecimento para o Matemática², maior programa de pós-graduação da Faculdade Sesi de Educação, que vem expandindo sua atuação para polos do interior de São Paulo. Formadores docentes e articuladores, além da coordenação do programa, marcaram presença no evento.
Foto: Karim Kahn / Sesi-SP
A formadora da pós-graduação, Carolina Bueno, que começou como cursista no Polo de Campinas e hoje atua como formadora docente e líder da Unidade Curricular 09 desenvolvida no curso, destacou a relevância da formação: “O Matemática² nos leva a repensar nossa prática. É olhar para o aluno, para os potenciais que ele tem, para o raciocínio que desenvolve, e ir além da memorização de fórmulas. Isso gera reflexões que, em algum momento, se tornam mudanças reais na sala de aula.”
Ela também apontou os desafios que os professores enfrentam no dia a dia: “Temos muitos alunos e precisamos pensar em como atender à diversidade de forma equitativa, garantindo que todos sejam vistos e compreendidos dentro de seus conhecimentos.”
Na mesma linha, Bruna Pedraga, também formadora do Matemática², reforçou o papel social da iniciativa: “O programa traz uma metodologia que possibilita o estudante ser aprendente e ensinante ao mesmo tempo, avaliador e avaliado. Essa mudança de prática impacta diretamente a aprendizagem. O Matemática² representa uma questão de justiça social, de levar uma matemática de qualidade para todos, que considere o estudante comum e promova equidade.”
A participação no seminário reforça o compromisso do Sesi-SP em manter a matemática como um campo vivo, inclusivo e conectado à realidade dos estudantes. Ao lado de especialistas internacionais, as equipes do Sesi-SP retornam à rede com novas inspirações para atualizar práticas pedagógicas, renovar o currículo e fortalecer ainda mais a formação dos professores.
Imagens: Karim Kahn / Sesi-SP