Reunindo 84 artistas de 29 países, a mostra propõe uma nova visão sobre a criatividade e de que forma a IA pode deixar de ser apenas uma ferramenta para se tornar uma parceira ativa no processo artístico
Por: Sesi-SP
07/07/202514:52- atualizado às 16:40 em 07/07/2025
O FILE SP 2025 apresenta no Centro Cultural Fiesp, com entrada gratuita, sua edição mais desafiadora até agora com a exposição SYNTHETIKA: A Era da Criatividade Artificial, que transcende as fronteiras tradicionais da arte, tecnologia e inteligência artificial, mergulhando no conceito de Zeitsynthetik — o tempo do sintético. A exposição reúne 84 artistas de 29 países, redefinindo a criatividade como uma colaboração híbrida entre seres humanos, algoritmos e sistemas generativos.
A SYNTHETIKA propõe uma visão de arte pós-antropocêntrica, onde o artista assume papéis expandidos: engenheiro de prompts, designer de sistemas e cocriador de inteligências sintéticas. Nomes como Mario Klingemann, Frederik De Wilde, Memo Akten, Daito Manabe & Kyle McDonald, entre outros, ilustram como a IA pode ir além de ser uma ferramenta, atuando como um parceiro colaborativo no processo artístico. Suas obras revelam formas que emergem da interação entre o biológico e o artificial, inaugurando uma nova dimensão de percepção, expressão e criação.
A exposição do FILE 2025 celebra a SYNTHETIKA, uma estética emergente que transcende as dicotomias da modernidade e o pastiche pós-moderno. As obras selecionadas revelam a intercriatividade desenvolvida conjuntamente à evolução tecnológica.
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Mario Klingemann (Alemanha) Reconhecido por seu trabalho com redes neurais, código e algoritmos, Klingemann é um pioneiro no uso da aprendizagem de máquina nas artes. Apresenta três videoclipes criados com redes neurais generativas: Freeda Beast, The Noise of Art e Liberation. Essas obras, que tem como característica a rostidade deleuziana, embaralham os limites entre identidade, aprendizado de máquina e comportamentos delirantes. Bringing Things to an End, provavelmente um dos primeiros videoclipes totalmente gerados por IA no mundo, utiliza um modelo de geração de rostos treinado pelo artista. |
Memo Akten (Turquia) Artista multidisciplinar, músico, pesquisador e cientista da computação, Akten utiliza tecnologias emergentes como meio para suas obras. Boundaries é uma obra monumental que investiga a ilusão da separação — entre o eu e o outro, corpo e ambiente, matéria e mente — e reflete sobre a interconexão de todas as coisas, dos microrganismos em nós aos átomos forjados em estrelas extintas. Criada com código personalizado, IA, visão computacional, pintura digital e dança, a obra une tecnologia e expressão corporal em uma experiência íntima e contemplativa. |
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SYNTHETIKA convida o público a explorar essa zona liminar entre erro e invenção, propondo que estamos entrando em uma nova era cultural, marcada por uma criatividade sintética. Em vez de prever o futuro, o festival propõe sentir o futuro – experimentar, agora, a emergência de formas híbridas de criação, onde inteligências naturais e artificiais coexistem e se entrelaçam em uma intercriatividade radical e irreversível.
“Receber o FILE em mais uma edição no Centro Cultural Fiesp é reforçar o trabalho do SESI-SP de formação de público, democratização cultural e fortalecimento da economia criativa nacional. É um momento de refletirmos sobre as relações entre cultura, arte e tecnologia e suas reverberações na sociedade atual e no porvir”, comenta Débora Viana, Gerente Executiva de Cultura do SESI-SP.
O FILE LED SHOW 2025 será um palco vibrante para artistas do Brasil, Chile, Egito, França, Argentina, Irã, Itália, Estados Unidos e Colômbia. A programação também inclui trabalhos resultantes de uma parceria entre o Curso de Artes Visuais da Universidade de São Paulo (USP) e o Istituto Europeo di Design (IED), em São Paulo. Essa colaboração acadêmica destaca o potencial transformador na criação de novas linguagens visuais, reforçando o papel do FILE como uma importante plataforma de intercâmbio cultural em um dos principais centros culturais do país.
Paula Perissinotto é uma pesquisadora, curadora e doutora em Poéticas Visuais pela ECA/USP, reconhecida por sua atuação na arte contemporânea, cultura digital e novas mídias. Como cofundadora e coorganizadora do FILE – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica desde 2000, ela é uma figura central na promoção da arte digital no Brasil e internacionalmente. À frente de mais de 50 exposições, suas curadorias exploram a intersecção entre arte, tecnologia e interatividade, consolidando o FILE como uma das principais plataformas globais do setor. Paula também é pesquisadora associada no projeto "Arquivos Digitais e Pesquisa" e integra o Grupo de Pesquisa Realidades da ECA/USP, onde investiga a integração de arquivos analógicos e digitais. Desde 2020, ela lidera a inserção do FILE em redes globais de preservação da arte em novas mídias, com parcerias com a ACM SIGGRAPH, Ars Electronica, ZKM e Archive of Digital Art, fortalecendo a memória e a circulação da arte digital em escala internacional.
Ricardo Barreto é um filósofo, artista, curador e pesquisador com uma trajetória marcada pela experimentação entre arte, tecnologia e pensamento. Como cofundador e cocurador do FILE e do NOVA BIENAL RIO de Arte e Tecnologia, ele é um dos pioneiros da arte digital no Brasil, atuando desde os anos 1980 em performances, instalações e obras interativas. Com formação em Filosofia pela USP e em Artes Plásticas pela Belas Artes de São Paulo, Barreto desenvolveu conceitos inovadores como a Estética da Alteridade, a Cultura da Imanência, a nova forma de arte Tátila (arte do tato), o Avator (a primeira IA artística do Brasil), o Xadrez Autor-Criativo e o ÁTOPOS GLOBAL (jogo quadridimensional estratégico).
Suas obras foram expostas na 25ª Bienal de São Paulo e no Institute of Contemporary Arts (Londres). Em parceria com nomes como Paula Perissinotto, Maria Hsu e Raquel Fukuda, ele criou obras emblemáticas como Cyberdance, feelMe, Charles in London e The Almost Ideal Game. Barreto também é o criador do site e livro Highlike e autor de inúmeras publicações sobre arte e tecnologia, sempre desafiando os limites entre corpo, código e cognição. Além disso, lecionou na graduação e pós-graduação da FAAP, onde inaugurou a disciplina de Pós-Modernidade nos anos 80 e 90, e ministrou palestras em instituições como o Museu de Arte Moderna de São Paulo. Sua obra é um contínuo exercício de invenção estética, filosófica e sensorial.
O FILE convidada artistas, pesquisadores e estudantes para participar de uma intensa programação de workshops que cruzam arte, ciência, tecnologia, ecologia e imaginação crítica. De 16 a 18 de julho, especialistas conduzirão experiências formativas únicas, abertas a estudantes, profissionais e ao público interessado.
Acesse o link de inscrição aqui
Saiba mais detalhes no site do Festival
15 de Julho a 7 de Setembro | Terça a domingo, 10h às 20h
Galeria de Arte do Centro Cultural FIESP - av. Paulista, 1.313 - em frente ao Metrô Trianon
FILE LED SHOW - todos os dias, das 19h às 6h
Galeria de Arte Digital - na fachada do prédio da FIESP
Design: Victor Sardenberg | Imagem: Subsomnia – Windswept